Nossa Senhora da Santa Conceição Aparecida é um título
católico dedicado a
Maria, mãe de
Jesus de Nazaré. A
seu santuário localiza-se em
Aparecida, no estado de
São Paulo, e a sua festa é comemorada anualmente em
12 de outubro. Nossa Senhora Aparecida é a
padroeira do Brasil.
Há duas fontes sobre o achado da imagem, que se encontram no Arquivo da Cúria Metropolitana de Aparecida (anterior a
1743) e no Arquivo Romano da
Companhia de Jesus, em
Roma. A história foi primeiramente registrada pelo Padre José Alves Vilela em 1743 e pelo Padre João de Morais e Aguiar em 1757, registro que se encontra no Primeiro Livro de Tombo da Paróquia de Santo Antônio de
Guaratinguetá.
A pescaria milagrosa
A sua história tem o seu início em meados de
1717, quando chegou a
Guaratinguetá a notícia de que o conde de Assumar, D.
Pedro de Almeida e Portugal, governador da então
Capitania de São Paulo e Minas de Ouro, iria passar pela povoação a caminho de
Vila Rica (atual cidade de
Ouro Preto), em
Minas Gerais.
[1]
Desejosos de obsequiá-lo com o melhor
pescado que obtivessem, os pescadores Domingos Garcia, Filipe Pedroso e João Alves lançaram as suas redes no
rio Paraíba do Sul. Depois de muitas tentativas infrutíferas, descendo o curso do rio chegaram ao
Porto Itaguaçu, a 12 de outubro. Já sem esperança, João Alves lançou a sua rede nas águas e apanhou o corpo de uma imagem de
Nossa Senhora da Conceição sem a cabeça. Em nova tentativa apanhou a cabeça da imagem. Envolveram o achado em um lenço.
[1] Daí em diante, os peixes chegaram em grande quantidade para os três humildes pescadores.
[2]
Início da devoção
Durante quinze anos a imagem permaneceu na residência de Filipe Pedroso, onde as pessoas da vizinhança se reuniam para
orar. A devoção foi crescendo entre o povo da região e muitas graças foram alcançadas por aqueles que oravam diante da imagem. A fama dos poderes extraordinários de Nossa Senhora foi se espalhando pelas regiões do Brasil. Diversas vezes as pessoas que à noite faziam diante dela as suas orações, viam luzes de repente apagadas e depois de um pouco reacendidas sem nenhuma intervenção humana. Logo, já não eram somente os pescadores os que vinham rezar diante da imagem, mas também muitas outras pessoas das vizinhanças. A família construiu um oratório no Porto de Itaguaçu, que logo se mostrou pequeno.
A primeira capela
Por volta de
1734, o vigário de Guaratinguetá construiu uma
capela no alto do morro dos Coqueiros, com a ajuda do filho de Filipe Pedroso, que não queria construir a capela no alto do morro dos coqueiros, pois achava mais fácil para o povo entrar na capela logo abaixo, ao lado do povoado, aberta à visitação pública em
26 de julho de
1745.
Visita de Dom Pedro I
Em 20 de abril de 1822, em viagem pelo Vale do Paraíba, Dom Pedro I e sua comitiva visitaram a capela e a imagem de Nossa Senhora.
Primeira igreja (basílica velha)
Em
1834 foi iniciada a construção de uma
igreja maior (a atual
Basílica Velha) para acomodar e receber os fiéis que aumentavam significadamente, sendo solenemente inaugurada e benzida em
8 de dezembro de
1888.
[3][4]
Coroa de ouro e o manto azul
Em
6 de novembro de
1888, a
princesa Isabel visitou pela segunda vez a
basílica e ofertou à santa, em pagamento de uma promessa (feita em sua primeira visita, em 08 de dezembro de 1868), uma
coroa de
ouro cravejada de
diamantes e
rubis, juntamente com um manto azul, ricamente adornado.
Chegada dos missionários redentoristas
Em
28 de outubro de
1894, chegou a Aparecida um grupo de padres e irmãos da
Congregação dos Missionários Redentoristas, para trabalhar no atendimento aos
romeiros que acorriam aos pés da imagem para rezar com a Senhora "Aparecida" das águas.
Coroação da imagem
A coroa doada pela Princesa Isabel.
A
8 de setembro de
1904, a imagem foi coroada com a riquíssima coroa doada pela
Princesa Isabel e portando o manto anil, bordado em ouro e pedrarias, símbolos de sua realeza e patrono. A celebração solene foi dirigida por D. José Camargo Barros, com a presença do Núncio Apostólico, muitos bispos, o Presidente da República
Rodrigues Alves e numeroso povo. Depois da coroação o Santo Padre concedeu ao santuário de Aparecida mais outros favores: Ofício e missa própria de Nossa Senhora Aparecida, e
indulgências para os romeiros que vêm em peregrinação ao Santuário.
Instalação da basílica
No dia
29 de Abril de
1908, a igreja recebeu o título de Basílica Menor, sagrada a
5 de setembro de
1909 e recebendo os ossos de
são Vicente Mártir, trazidos de
Roma com permissão do Papa.
Município de Aparecida - SP
Em
17 de dezembro de
1928, a vila que se formara ao redor da igreja no alto do Morro dos Coqueiros tornou-se Município, vindo a se chamar Aparecida, em homenagem a Nossa Senhora, que fora responsável pela criação da cidade.
A rainha e padroeira do Brasil
Nossa Senhora da Conceição Aparecida, foi proclamada Rainha do Brasil e sua Padroeira Oficial em 16 de julho de 1930, por decreto do
papa Pio XI, sendo coroada.
Pela Lei nº 6.802 de 30 de junho de 1.980, foi decretado oficialmente feriado no dia 12 de outubro, dedicando este dia a devoção. Também nesta Lei, a República Federativa do Brasil reconhece oficialmente Nossa Senhora Aparecida como padroeira do Brasil.
Rosa de Ouro
Em
1967, ao completar-se 250 anos da devoção, o
Papa Paulo VI ofereceu ao Santuário a “
Rosa de Ouro”, gesto repetido pelo
Papa Bento XVI que ofereceu outra Rosa, em
2007, em decorrência da sua Viagem Apóstolica ao país nesse mesmo ano, reconhecendo a importância da santa devoção.
O maior santuário mariano do mundo
Em
4 de julho de
1980 o
papa João Paulo II, em sua histórica visita ao Brasil, consagrou a
Basílica de Nossa Senhora Aparecida, o maior santuário mariano do mundo, em solene missa celebrada, revigorando a devoção à Santa Maria, Mãe de Deus e sagrando solenemente aquele grandioso monumento construído com o carinho e devoção do povo brasileiro.
Centenário da coroação
No mês de maio de
2004 o papa João Paulo II concedeu indulgências aos devotos de Nossa Senhora Aparecida, por ocasião das comemorações do centenário da coroação da imagem e proclamação de Nossa Senhora como Padroeira do Brasil. Após um concurso nacional, devotos e autoridades eclesiais elegeram a Coroa do Centenário, que marcaria as festividades do jubileu de coroação realizado naquele ano.
Descrição da imagem
A imagem, tal como se encontra no interior da Catedral.
A imagem retirada das águas do rio Paraíba em 1717, é de
terracota e mede quarenta
centímetros de
altura. Em estilo seiscentista, como atestado por diversos especialistas que a analisaram (Dr.
Pedro de Oliveira Ribeiro Neto, os monges beneditinos do
Mosteiro de São Salvador, na
Bahia, Dom
Clemente da Silva-Nigra e Dom
Paulo Lachenmayer), acredita-se que originalmente apresentaria uma policromia, como era costume à época, embora não haja documentação que o comprove. A
argila utilizada para a confecção da imagem é oriunda da região de
Santana do Parnaíba, na Grande São Paulo. Quando foi recolhida pelos pescadores, o corpo estava separado da cabeça e, muito provavelmente, sem a policromia original, devido ao período em que esteve submersa nas águas do
rio.
A cor de
canela com que se apresenta hoje deve-se à exposição secular à
fuligem produzida pelas chamas das velas,
lamparinas e
candeeiros, acesas pelos seus devotos.
Em
1978, após sofrer um atentado que a reduziu a quase duzentos fragmentos, foi encaminhada ao Prof.
Pietro Maria Bardi (à época diretor do
Museu de Arte de São Paulo (MASP), que a examinou, juntamente com o dr.
João Marinho, colecionador de imagens sacras brasileiras. Foi então totalmente restaurada, no MASP, pelas mãos da artista plástica
Maria Helena Chartuni.
Embora não seja possível determinar o autor ou a data da confecção da imagem, através de estudos comparativos concluiu-se que ela pode ser atribuída a um discípulo do monge beneditino frei
Agostinho da Piedade, ou, segundo Silva-Nigra e Lachenmayer, a um do seu irmão de Ordem, frei
Agostinho de Jesus. Apontam para esses mestres as seguintes características:
Primeiros milagres
Milagre das velas
Estando a
noite serena, repentinamente as duas
velas que iluminavam a Santa se apagaram. Houve espanto entre os devotos, e Silvana da Rocha, querendo acendê-las novamente, nem tentou, pois elas acenderam por si mesmas. Este foi o primeiro
milagre conhecido de Nossa Senhora, ocorrido mais provavelmente em 1733.
Caem as correntes
Em meados de
1850, um
escravo chamado Zacarias, preso por grossas correntes, ao passar pela igreja onde se encontrava a imagem de Nossa Senhora Aparecida, pede ao feitor permissão para rezar. Recebendo autorização, o escravo se ajoelha diante de Nossa Senhora Aparecida e reza fervorosamente. Durante a oração, as correntes, milagrosamente, soltam-se de seus pulsos deixando Zacarias livre.
Cavaleiro e a marca da ferradura
Um cavaleiro de
Cuiabá, passando por Aparecida, ao se dirigir para Minas Gerais, viu a fé dos romeiros e começou a zombar, dizendo, que aquela fé era uma bobagem. Quis provar o que dizia, entrando a
cavalo na
igreja. Logo na escadaria, a pata de seu cavalo se prendeu na pedra da escada da igreja (Basílica Velha), vindo a derrubar o cavaleiro de seu cavalo, após o fato, a marca da ferradura ficou cravada da pedra. O cavaleiro arrependido, pediu perdão e se tornou devoto.
A menina cega
Mãe e filha caminhavam às margens do Rio Paraíba do Sul(onde aconteceu a descoberta de Nossa Senhora Aparecida), quando surpreendentemente a filha cega de nascença comenta surpresa com a mãe : "Mãe como é linda esta igreja" Basílica Velha. Daquele momento em diante, a menina começa a enxergar.
O menino no rio
O pai e o filho foram pescar. Durante a pescaria, a correnteza estava muito forte e por um descuido o menino caiu no rio. O menino não sabia nadar, a correnteza o arrastava cada vez mais rápido e o pai desesperado pediu a Nossa Senhora Aparecida para salvar o menino. De repente o corpo do menino parou de ser arrastado, enquanto a forte correnteza continuava, e o pai salvou o menino.
O homem e a onça
Um homem estava voltando para sua casa, quando de repente ele se deparou com uma enorme
onça. Ele se viu encurralado e a onça estava prestes a atacar, então o homem pediu desesperado a Nossa Senhora Aparecida por sua vida, e a onça virou e foi embora.
Coroa comemorativa
Basílica de Nossa Senhora Aparecida, Brasil.