sexta-feira, 29 de setembro de 2017

TODA SUA- SYVIA DAY (RESENHA)



“Não existe coisa mais fácil que resolver o problema dos outros. O duro é enfrentar nossos próprios traumas.”
‘Toda Sua’ é o primeiro volume da  trilogia ‘Crossfire’, que seguindo os passos de Cinquenta Tons de Cinza, mescla em sua narrativa as emoções ligadas ao desejo e ao amor, descrevendo um relacionamento conturbado que vai além dos sentimentos de paixão, posse, necessidade ou cura. Seria impossível deixar de salientar as semelhanças que a obra possui com os livros da trilogia adulta da autora E. L. James, até porque a própria Sylvia Day assume que se inspirou em Cinquenta Tons para criar sua própria história. Sendo assim, aqui também temos um personagem masculino dominante, bem sucedido, arisco a compromissos e repleto de traumas do passado; um relacionamento de desejo carnal que não demora a se intensificar e revelar alguns segredos obscuros; cenas extremamente sensuais; e a inserção, mesmo que pequena, de elementos de submissão e dominação. Contudo as semelhanças param por aí. A experiência da autora Sylvia Day, que tem outros livros adultos publicados nos EUA, conta muito para tornar nítida a qualidade de sua escrita. Tanto é que na contracapa de ‘Toda Sua’ temos um comentário de que a obra é ‘melhor escrita que Cinquenta Tons de Cinza’, e após a leitura de ambos os livros, não poderia deixar de concordar com tal argumento.

Desta forma, é fundamental salientar de que existem semelhanças nítidas entre esses dois livros, mas as peculiaridades da escrita de cada uma dessas autoras os tornam (se é que isso é possível) completamente diferentes. Meu reflexo inicial é salientar as particularidades de ‘Toda Sua’ que me cativaram e me fizeram enxergar o livro não como uma cópia de ‘Cinquenta Tons’, mas sim como um romance adulto intenso, envolvente e munido de drama suficiente para levar o leitor à loucura - e eis o ponto alto da narrativa, o ponto fundamental que difere tais obras: o drama, os traumas dos personagens principais e a sombra de medo que paira sobre suas escolhas, não que não tenhamos isso em ‘Cinquenta Tons de Cinza’, mas em ‘Crossfire’ são tantos personagens marcados e rodeados por traumas que é impossível não mergulhar em seus sentimentos. Fora isso e a qualidade da escrita da autora, outras diferenças estão, em suma, concentradas na personagem feminina principal, que além de possuir uma boa situação financeira, alguma experiência em relacionamentos e uma personalidade forte e dominante, também tem sua própria cota de traumas que precisam ser definitivamente esquecidos.
O casal em foco é Eva e Gideon Cross, que após um encontro inesperado no ambiente de trabalho são consumidos por uma avalanche de sentimentos. Ele decide que só quer uma relação impessoal para libertar seu corpo de tamanha tensão sexual, e ela não quer um namorado, mas também não pretende se envolver com um completo desconhecido. Em um acordo mútuo, ambos os lados começam a ceder para que eles possam se entregar a paixão que os domina, e como é de se esperar, ele se doam além do imaginável e logo estão mergulhados em um sentimento indefinível que os une. Ao se entregarem eles expõem seus medos, os traumas familiares, a sombra de um suicídio e a marca do abuso sexual, mas o mais forte da narrativa concentra-se nas sequelas que esses traumas deixaram em tais personagens, como por exemplo, as inseguranças, uma personalidade volátil, os pesadelos e as crises de choro. São emoções tão intensas que nos envolvemos completamente com o casal e compreendemos a ligação entre eles, uma relação de necessidade, de busca pela cura que está totalmente direcionada as dores que eles precisam enfrentar.
Com uma mescla de sentimentos como essa, como poderíamos deixar de gostar de tais personagens? Eles são humanos, passíveis de erros e por isso nos irritam em vários momentos, contudo a lembrança do passado conturbado deles e tais segredos ligados a essas mágoas nos prendem intensamente a leitura. O fato é que, eu adoro um bom livro munido de tantos aspectos sentimentais como esse, e de certa forma, senti que o romance e o desejo foram eclipsados por essas emoções e traumas, o que me ganhou por inteiro. A paixão foi um bônus muito bem vindo, fazia tempo que não sentia, pelo menos nesse tipo de literatura, a realidade de um relacionamento, a via de dependência que um casal mantém.
No geral, gostei do livro, do romance, do sentimentalismo, dos personagens secundários e do casal principal. Não gostei do final, mas isso só me fez esperar ansiosa para a leitura dos próximos livros...e  Se você gosta de romances adultos, se arrisque, e leia ‘Toda Sua’. E claro, lembre-se de que se trata de um romance adulto, então além da sensualidade, temos também um vocabulário chulo.
Quotes Preferidos:
“— Você é louco, Gideon? Ele estreitou os lábios. — Está perguntando isso a sério? — Sim, estou. Minha mãe vive me espionando, mas ela faz terapia. Você faz terapia? — Atualmente não, mas você está me deixando tão maluco que acho que vou precisar em breve.”
“Eu queria Cross. Muito. Mas ele era demais para mim. Sinceramente, eu não precisava de ninguém para arruinar minha vida. Não precisava de ajuda nesse quesito.”
- Eu estou em casa. Ele me agarrou por trás e enfiou o rosto nos meus cabelos ensopados. - “Estou com você.”
“Você me quer, Gideon?”. (...). “Mais do que o ar que eu respiro”.
Vou dizer tudo o que quero que você faça para me dar prazer, Eva, e você vai fazer tudinho… se me obedecer, vamos fazer sexo explosivo, selvagem, sem restrições. Você sabe disso, não é? Já está sentindo como as coisas vão ser entre nós.”



  • Coleção:  CROSSFIRE, V.1
  • Edição:  1

  • Ano:  2012
  • Editora: PARALELA
  • Nº de Páginas:  280

CLASSIFICAÇÃO          3/5

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